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30 Set 2024 | 6 minutos • Carreira

Orientações ao trabalho

A forma como vemos o trabalho muda a nossa satisfação

Ingrid Machado

Ingrid Machado

Engenheira de computação, especialista em engenharia de software. Autora deste querido blog.

Image de capa do post Orientações ao trabalho
Foto de Tormius, via Unsplash

Quando terminei de ler o livro “O jeito Harvard de ser feliz”, selecionei muitos temas interessantes para me aprofundar depois. Acho interessante pensar em como essas informações me impactam e se faço parte do grupo descrito pelo resultado da pesquisa. E esse foi um tema em que consegui me enxergar muito, além de fazer uma boa retrospectiva da minha carreira.

No post de hoje, vou falar sobre as orientações ao trabalho que podemos ter e que impactam a nossa satisfação no trabalho.

Orientações ao trabalho

O livro apresenta diversas técnicas sobre como ser mais feliz, seja na vida pessoal ou na vida profissional. E junto da descrição da busca pela felicidade no trabalho, são mencionadas as orientações ao trabalho.

Cada pessoa pode apresentar uma delas, divididas em 3 tipos:

  1. Emprego: pessoas que veem o trabalho como um fardo e o salário como recompensa. Elas trabalham porque precisam e estão sempre na expectativa do tempo que poderão passar fora do trabalho
  2. Carreira: pessoas que trabalham não só por necessidade mas também para progredir e ter sucesso. Elas se envolvem no trabalho e querem ser bem-sucedidas
  3. Missão: pessoas que veem o trabalho como um fim por si só; seu trabalho é gratificante não devido a recompensas externas, mas porque elas sentem que contribuem para um bem maior, aplicando seus pontos fortes pessoais que lhes oferece um senso de propósito

Eu achei essa teoria muito interessante, mas não enxergo como algo que é único para cada pessoa. Por exemplo, eu acredito que tenho a tendência de ver o meu trabalho como uma carreira. Mas já trabalhei em lugares que praticamente me obrigavam a enxergar o que eu fazia como um emprego. Mesmo querendo ir além, o ambiente me puxava para baixo e eu seguia trabalhando lá apenas pelo salário no final das contas.

Eu quero expandir um pouco mais cada uma das definições e falar sobre como eu enxergo cada uma delas de acordo com a minha experiência profissional. Apenas deixando claro, o que compartilho a seguir é a minha visão dessa definição, o que pode não estar alinhado com o que você entende como trabalho.

Emprego

Eu acredito que praticamente todo mundo deve iniciar a vida profissional com essa orientação. Desde pequena, sempre escutei que tinha que estudar para conseguir um bom emprego, que nada mais era do que um conselho para que eu conseguisse garantir um bom salário para me sustentar no futuro. E quando eu entro em qualquer empresa, o salário realmente tem um peso muito importante. É muito difícil querer pensar em sucesso e propósito quando o salário não é o suficiente para conseguir pagar as contas.

Então, por mais que o autor nem insinue isso, eu fiquei pensando o quanto não está errado ter a orientação de pensar no trabalho apenas como um emprego. Nem todas as vagas vão exigir que as pessoas queiram avançar na carreira e nem todos os trabalhos possuem um belo propósito por trás. Mas todas as pessoas precisam trabalhar. Então, se formos pensar que apenas as outras duas orientações são louváveis, a conta não fecha.

Claro que ver o trabalho como um fardo não faz bem para ninguém e esse ponto é o único que vejo como negativo nessa definição. Conheço pessoas que, para elas, o trabalho não é necessariamente um fardo, é só uma parte dos dias delas que compensa apenas porque vão ganhar o salário no final do mês. Não chega a ser um sofrimento, mas também não é nada empolgante. Eu acho que, mesmo assim, tem as desvantagens de talvez não sentir a semana útil passar tão rápido e ter boa parte do dia consumida por algo que você não tem nenhuma expectativa positiva sobre. Mas, reforço, eu que não consigo ver como algo positivo. Na verdade, até admiro as pessoas que conseguem ser tão alheias ao trabalho. Acredito que deve ser bem menos estressante.

Carreira

Entendo que me encaixo mais na orientação de carreira. Mas, como mencionei, nem sempre encontrei ambientes propícios para essa orientação. Gosto de me envolver, de acompanhar iniciativas, assumir tarefas interessantes e ir além em algumas responsabilidades. Só que aprendi a ficar ciente de que isso talvez não signifique ganhar algo de volta. Então, continuo pensando no meu trabalho como uma carreira a ser perseguida em que eu tenho que avaliar se me mantenho onde estou com o que é oferecido ou se vou atrás de algo diferente.

Algumas vezes, ter esse pensamento pode ser bem decepcionante. Tentar estar sempre a frente das demandas, dando o meu melhor, é um pouco arriscado. Principalmente porque, nem sempre, é possível evitar a frustração. Eu tenho a ciência de que dinheiro não é infinito e o reconhecimento pode vir de outras formas, mas não é possível evitar o sentimento quando tanto esforço não é reconhecido de forma nenhuma. Nesses momentos, retorno a minha orientação para lembrar que estou num emprego que me paga todo o mês para fazer o meu trabalho e que é uma escolha minha ter essa orientação para a carreira.

Quando esse sentimento bate e não consigo reverter ele, é geralmente o momento em que escolho mudar a rota. Porque até quem gosta de se envolver e ajudar em tudo tem seus limites.

Missão

Quando estamos trabalhando numa empresa voltada para a saúde, que ajuda pessoas necessitadas ou que inova para preservar o meio ambiente, fica mais fácil manter a orientação de missão. Mas, assim como na orientação para o emprego, se todo mundo quiser ser orientado para a missão, a conta não fecha. O que mais existe é vaga para empresas que geram muitos resíduos, possuem produtos que podem ser viciantes ou atrapalham a vida das pessoas, ou que extraem matéria-prima da natureza sem necessariamente ter um plano de redução/compensação de danos. As vagas vão estar disponíveis e as pessoas vão precisar trabalhar nelas porque se todo mundo quiser entrar apenas no que é totalmente correto, muita gente não vai conseguir se sustentar.

Eu mesma já trabalhei em empresas em que quanto mais o meu time batia a meta, maior a emissão de poluentes gerada em toda cadeia de produção e logística dos produtos que eram vendidos. Eu nem pensava a respeito disso quando trabalhava lá e, caso pensasse, não seria isso que me faria pedir demissão. Porque, no final das contas, era esse salário que pagava o aluguel.

Não posso deixar de mencionar que é muito gratificante quando conseguimos trabalhar com algum produto em que o resultado traz um benefício para a sociedade. É bom até para quando rola algum estresse e precisamos nos lembrar do porquê seguimos trabalhando além do dinheiro. O autor apresenta o benefício para a felicidade nesses casos e acredito que esses realmente devam ser os profissionais mais realizados. Eu mesma quando consigo perceber o propósito do meu trabalho no dia a dia, nem sinto a semana passar e tenho uma rotina muito leve com o time.


Independentemente da orientação ao trabalho, acredito que o que todo mundo deveria buscar é um ambiente de trabalho saudável, com uma boa convivência com os colegas e exigências que estão dentro dos requisitos do seu papel. Caso esteja se sentindo desmotivado, além de entender qual parte da sua motivação está em falta, pode ser útil também avaliar se enxerga o seu trabalho como um emprego e, em caso positivo, como poderia avançar para uma visão de carreira.

O job crafting pode ser um dos caminhos para atingir essa visão mais satisfeita com o trabalho. Pelo menos no que diz respeito as suas atividades diárias. Nem toda atuação tem a possibilidade de mudar muitas coisas, mas vale a pena repensar a forma que seu trabalho é executado para ser menos pesado.

Saiba que é importante ter segurança financeira, além de conseguir encontrar um emprego que garanta as suas necessidades básicas, mas que também é legal trabalhar em um lugar que te faça feliz.

Espero que essa definição de orientações te ajude e que as reflexões que compartilhei façam sentido.

Até a próxima!

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