23 Set 2024 | 7 minutos • Desenvolvimento pessoal
Devagar e sempre
Porque fazer pouco é melhor do que não fazer nada
Ingrid Machado
Engenheira de computação, especialista em engenharia de software. Autora deste querido blog.
Passei por um período em que não conseguia me dedicar tanto quanto gostaria às minhas atividades. Com isso, fiquei com um sentimento constante de que estava devendo algo e de que não era uma pessoa tão organizada assim. Ao não fazer nada, dei ouvidos para as minhas cobranças internas e acabei estagnando.
Agora que estou disposta a retornar, percebo que ainda não tenho tanto tempo disponível. Mas decidi mudar a minha postura e dedicar alguns minutos por semana para cada atividade que estou sentindo falta.
Nesse post, pretendo compartilhar o que deixei de fazer, como está sendo essa retomada e o que mudou na minha percepção com essa experiência.
A desaceleração do meio do ano
Todos os anos eu passo pela mesma coisa. O ano inicia com muitas promessas feitas, comigo totalmente entusiasmada, organizada e motivada. Então, quando inicia o segundo semestre, percebo que não acompanhei os meus planos e alguns meses passaram sem eu nem perceber. Sendo que no início do ano tudo parece tão devagar.
Não sei dizer exatamente quando que eu perco a noção do tempo, só que é algo constante e costumo “acordar” quando percebo que metade do ano já foi.
Como uma pessoa que gosta de ser produtiva, é muito frustrante ver que muitas coisas que fiz nem estavam planejadas e gastei energia nas novidades que foram aparecendo. O que significa que não estou dando prioridade para o que considero realmente importante.
Estou fazendo cursos e lendo livros sobre planejamento pessoal e entendendo que o meu grande problema é a falta de acompanhamento. Não que eu já não soubesse disso, mas preciso aprender a me organizar para fazer um acompanhamento que faça sentido.
Atividades estagnadas
Dentre as atividades que eu perdi o ritmo, está a leitura. No momento em que escrevo esse post, o meu Cabeceira indica que estou lendo 15 livros ao mesmo tempo. Sendo que nessa semana eu fiz uma limpa no aplicativo, incluindo todos os livros que desisti na categoria “Parei de ler”.
Esse já é o primeiro sinal de que fico desfocada e não concentro os meus esforços em uma coisa de cada vez. Nessa lista, existem livros que eu estava muito empolgada para ler e não cheguei nem a 50%. O único que estou lendo num ritmo constante é o “Porque o tempo voa”, leitura atual do meu clube do livro. Mas sei que isso só acontece porque é uma leitura conjunta e que me comprometi a organizar de forma pública.
Outra atividade que foi impactada é o estudo. Por mais que estude frequentemente no Coursera, acabei deixando de lado o curso do Método Vida Organizada (MVO). A minha bolsa do Coursera tem o prazo de um ano para concluir todos os cursos, mas eu também tenho o prazo de 3 anos para concluir o MVO e um ano já se passou.
Também tive impacto na minha escrita, principalmente porque agora faço exercícios físicos 4 vezes na semana. São dois dias a mais, em comparação com a minha rotina anterior, que fazem muito bem para a minha saúde, mas ocupam o espaço que usava para escrever durante a semana.
Existem mais algumas atividades que acabei abandonando, mas essas são as que mais gostaria de manter de forma constante. E o problema maior, na minha opinião, é que eu não reduzo a frequência, eu simplesmente abandono até me dar conta que fiz isso.
Retorno ao ritmo normal
Ciente de que tenho esse padrão de comportamento, estou disposta a fazer uma mudança a partir de agora. Costumava ser aquela pessoa que espera chegar o final do ano para mudar a minha vida, mas não estou querendo barganhar o tempo disponível agora e pensar em ser uma pessoa melhor depois.
Como já compartilhei antes, estou seguindo o pensamento de que para ser, é preciso ter sido. E não é adiando a mudança de um mau hábito que vou fazer jus a esse modo de pensar.
Para retornar sem muitos sacrifícios, decidi ir aos poucos. Por mais que goste de ser muito intensa nos meus planejamentos e sempre buscar objetivos grandiosos, já aceitei que essa fórmula não funciona para mim e preciso desacelerar. Então, estou quebrando essas atividades em Pomodoros e tentando fazer pelo menos um ciclo de 25 minutos para cada uma delas na semana.
Assim que acordo, estou dedicando um tempo para a leitura. Costumava ficar no celular nesse início de manhã e trocar pelos livros me permitiu começar o dia de forma mais leve. Vejo pelo Kindle que, em alguns dias, avanço apenas 1% da leitura. Mas no final do mês já notei que passei da metade de alguns livros sem nem sentir.
Para melhorar o meu ritmo de leitura, também me comprometi a parar de ler tantos livros ao mesmo tempo. Porque sempre vão existir lançamentos que quero muito ler e descobrir referências que vão ser indicadas como livros revolucionários que vão me gerar curiosidade. Mas essa vontade de ler tudo ao mesmo tempo, acaba gerando uma certa ansiedade. Assim que terminar a minha lista atual, vou tentar manter uma leitura de ficção e duas de não ficção ao mesmo tempo, no máximo.
O Coursera já está bem consolidado na minha rotina e sempre acesso ele na segunda-feira no final do meu dia de trabalho. O MVO eu comecei a fazer uma rodada de Pomodoro nas quartas-feiras e incluí junto o francês, que estava há muito tempo na minha lista de desejos.
Fazendo uma rodada do Pomodoro de MVO e uma de francês, já consegui avançar alguns módulos sem nem sentir. No momento em que estou fazendo, parece que estou avançando tão pouco. Mas, quando analiso o que já foi concluído de cada curso, percebo que estou concluindo bastante coisa.
Teria concluído muito mais se tivesse seguido esse ritmo lento nos últimos 3 meses. Mas como não posso reaver esse tempo perdido, me comprometi a aproveitar melhor o tempo que tenho pela frente e, até o momento, não me arrependi.
Para avançar na minha escrita, mantive apenas a manhã de quarta-feira com os meus momentos de foco antes do trabalho para escrever. E agora uso os sábados para revisar os textos. Anteriormente, tinha agendado a escrita para segundas, quartas e sextas. Por isso, não fazia nada dos meus projetos pessoais nos finais de semana. Mas é uma atividade prazerosa que foi substituída por algo que vai me trazer bem-estar. Então não considero um sacrifício usar uma pequena parte do meu sábado para ajudar a me organizar na escrita.
Mudança na percepção
Como já comentei, estou seguindo um ritmo bem lento, mas que traz resultados verdadeiros. No final das contas, esse ritmo me permite fazer todas as atividades que gosto sem perder momentos de descanso e lazer.
A fase de tentar abraçar o mundo e aproveitar todas as oportunidades que aparecem na minha frente já passou para mim. E agora tenho como objetivo ser mais intencional com as minhas escolhas e fazer as minhas atividades de forma mais consciente.
Quero chegar no final do ano com a sensação de que tive um ano em que fui produtiva, mas que também aproveitei bastante a minha vida ao lado do meu marido, mantive uma rotina saudável e consegui descansar sempre que necessário. Não vou me sentir feliz se a conclusão for que produzi muito, mas não vivi nada.
E é tudo uma questão de costume. Assim como tive uma mudança no ritmo da minha vida quando larguei o celular, também estou passando por uma mudança de ritmo ao fazer as coisas num tempo mais lento. Com a prática, esse vai virar o meu tempo normal.
Toda mudança é complicada, mas ciente dos meus objetivos e das perdas que tenho tentando fazer de forma diferente, entendo que vale a pena passar por esses momentos um pouco mais desafiadores.
Não é a primeira vez que compartilho aqui e na newsletter sobre isso. Mas colocar em palavras o que está acontecendo é uma forma de formalizar e partir para a ação. Gosto de compartilhar essas dificuldades porque o blog não se trata apenas de compartilhar as minhas vitórias e os meus avanços. A vida real é cheia de percalços e distrações e eu lido todos os dias com isso também.
Espero que compartilhar essa minha situação te ajude de alguma forma e deixo a caixa de comentários aberta caso tenhas alguma sugestão.
Ate a próxima!
O link do post foi copiado com sucesso!Mais conteúdos de Ingrid Machado
10 Fev 2025 • Desenvolvimento pessoal
Como montar e acompanhar um plano de estudos
Fiz um documento no Coda para finalmente acompanhar os meus planos de estudos. Como costumo criar vários planos durante o ano, a parte do acompanhamento é um pouco falha e termino o ano percebendo ...
6 minutos
16 Dez 2024 • Desenvolvimento pessoal
Minha lista de cursos no Coursera em 2024
Mais um ano com bolsa de estudos do Coursera se encerrando significa mais um ano compartilhando o que estudei. Eu compartilho quinzenalmente na Trilha de Valor todos os cursos que concluo no períod...
11 minutos
07 Out 2024 • Desenvolvimento pessoal
Como iniciar uma rotina de aprendizado contínuo
Dentro do time em que atuo, mantemos uma rotina de compartilhamento de conhecimento. A cada 15 dias, um integrante faz uma apresentação falando sobre algo que acredita que vale a pena compartilhar ...
11 minutos