16 Set 2024 | 9 minutos • Insights
Falta de atenção
Reflexões sobre o meu foco atual
Ingrid Machado
Engenheira de computação, especialista em engenharia de software. Autora deste querido blog.
Eu vivo num esforço constante para me desvincular das redes sociais ou, pelo menos, reduzir o seu uso. E estou vivendo um momento em que o uso reduzido me permitiu entender o impacto de voltar a utilizar as redes sociais sem limites de forma muito clara. É um malefício que se reflete principalmente no meu foco e no quanto eu consigo seguir a minha rotina.
Nesse post, pretendo compartilhar alguns pensamentos a respeito do meu foco atual e dos impactos que estar com ele defasado traz para a minha vida. E também o que me dei conta enquanto escrevia ele.
Redes sociais
Desde quando reduzi o meu uso de redes sociais, notei que voltar para elas muda o quanto consigo focar em algo. Atualmente, tenho usado muito pouco o celular na semana útil, deixando para ficar mais tempo no Twitter no final de semana. Com isso, na segunda-feira sinto uma fadiga e preciso me esforçar além da conta para conseguir focar nas minhas atividades. Não foi preciso muitos finais de semana para que eu percebesse que a diferença estava no uso do celular.
Gosto bastante de ler textos longos, mas sinto uma dificuldade se saio da timeline do Twitter direto para um artigo maior. A quantidade de informações que conseguimos consumir em pouquíssimas palavras parece acelerar o ritmo do cérebro e ler frases maiores se torna um desafio. Até ler um livro, por mais interessantes que seja, parece massante nesses momentos.
Usar o Substack como rede social tem sido interessante justamente por isso. Nele, as pessoas costumam usar a timeline para divulgar os seus artigos. Então, mesmo com uma publicação curta, é preciso entrar num texto maior para consumir o que está disponível na totalidade. E o foco é esse mesmo, uma rede social dentro do ambiente de newsletters para divulgar newsletters, que geralmente são artigos mais longos.
Por tudo isso, entendo que é uma questão de como estou condicionando o meu cérebro. Se estou me acostumando a ler tweets pequenos, com muitas informações, de diferentes assuntos, num ritmo super rápido e considero isso como uma atividade prazerosa, então o meu cérebro vai seguir esperando por esse tipo de recompensa rápida. Agora, se eu costumo ler artigos mais longos, ler livros ou consumir qualquer outra coisa de forma menos acelerada e mesmo assim considerar tudo como uma atividade prazerosa, então o meu cérebro vai entender que não preciso estar sempre numa rotação muito alta para ser feliz. E as redes sociais sabem disso, elas sabem que podemos nos viciar facilmente nesse ritmo, sem nem perceber.
Acho que sou uma das poucas pessoas que fala sobre limitar tempo de tela de aplicativos dentre os meus amigos e família. Tentar viver uma vida offline não costuma ser um tópico, até porque muitas pessoas acham que estão num nível saudável de consumo. Mas as mudanças que percebo ao longo dos anos me mostra que essa impressão está errada. Percebo isso de forma bem clara quando estou fazendo uma refeição com alguém e a pessoa está o tempo todo no celular. Nós nem sempre paramos para conversar com quem está com a gente e, às vezes, nem apreciamos a comida. Hoje em dia, vejo esse tipo de coisa e penso no quanto estamos perdendo a vida real e me sinto até aquelas pessoas que ficam anunciando o fim do mundo. Mas estamos desaprendendo a conviver na vida real porque a etiqueta online é diferente e não percebemos isso.
Como perdi o foco
Mesmo depois de ter reduzido o meu tempo de tela, sinto que ainda estou treinando o meu cérebro para que ele entre no ritmo normal e eu consiga prestar atenção no agora. Eu já tenho muitos hábitos enraizados como, por exemplo, levantar de manhã e já sair do quarto com o celular na mão. É algo que eu nem penso direito, eu me levanto, pego o meu copo d’água, o celular e vou para a sala. Inevitavelmente, eu acabo entrando no Twitter de manhã para dar uma espiada no que está acontecendo e sempre está acontecendo alguma coisa.
Esse hábito é o responsável por me fazer iniciar o dia nem sempre com a mente totalmente calma. E entendo que esse é o principal responsável pelas coisas que faço sem estar muito focada. O meu horário de dormir está bagunçado ultimamente, não só pela falta de foco, mas também por causa do frio. Entre ficar na cama quente e levantar às 6h com a temperatura abaixo dos 5ºC na rua, às vezes eu acabo caindo na tentação e pegando no sono novamente. Algumas vezes, eu estou de pé depois de uma soneca de 15 minutos, em outras eu preciso sair correndo porque passei 1 hora a mais dormindo. Obviamente, eu perco um tempo que tento compensar depois do trabalho e depois eu não me deito no horário correto e assim a minha rotina começa a degringolar porque eu preferi tirar um cochilo que durou um pouco mais do que o planejado.
Também tive algumas semanas no trabalho com poucos momentos de foco e senti falta deles conforme a semana útil chegava ao fim. Com isso, ao invés de descansar depois do trabalho assistindo alguma coisa ou apenas jantar, eu escolhi ficar no celular sentada no sofá até o momento em que percebia que iria ficar tarde demais para comer. Escrevendo sobre isso, estou percebendo que o meu maior problema é me deixar levar por esses momentos de “eu mereço”. Se está muito frio e a cama está quente, então eu mereço dormir um pouco mais, já que trabalho bastante. Se fiquei cansada no trabalho, então eu mereço ficar atirada no sofá mexendo no celular para compensar. A minha conclusão é que eu também mereço ficar com o cérebro como uma gelatina no final do dia, se eu seguir agindo assim.
Retomando o foco
Como estou me levantando mais cedo para conseguir ter uma rotina em casa antes de ir para a academia, além de usar esse tempo para ficar pronta para sair, também uso ele para ler. Descobri que o início da manhã é o momento em que consigo ficar mais focada e não tenho tanta dificuldade para ler e interpretar textos mais densos. Por isso, estou deixando na noite anterior o livro que quero ler separado na sala. Assim, depois que termino de me arrumar, fico focada lendo e, quando não estou muito afim, fico assistindo ao jornal.
Nesses momentos, não costumo sentir falta do celular. Porque o meu impulso de pegar ele de manhã já aconteceu, o meu hábito de pelo menos olhar o que tinha de novidade nos Trending Topics já foi satisfeito e posso ver outras coisas. Atualmente, tenho o limite de 1 hora para mexer no Twitter e acredito que vou testar um limite de horário do dia para que eu possa mexer nele. Quem sabe assim eu consigo mudar esse meu mau hábito.
Também fiz algumas mudanças novas que estão me ajudando a retomar o foco. No momento, estou me exercitando 4 vezes na semana (duas na academia e duas no pilates). As duas primeiras semanas de academia foram horríveis e me senti mal de estar pagando para sentir tanta dor. Mas, depois desse período, consegui sentir os benefícios da prática e sinto que a minha semana passa bem mais rápido, já que conto ela de acordo com os dias de treino restantes. Me sinto mais disposta, menos afetada pelo ambiente e dando menos desculpas de “eu mereço” para mim mesma.
Com essa disposição extra, estou conseguindo cuidar mais da minha casa e aprendi a organizar melhor a minha produção de marmitas. Estava meio cansada de comer sempre a mesma coisa e expandi o meu cardápio, incluindo na semana algumas comidas que não ficam tão boas congeladas, mas que tenho a disposição para fazer na hora.
Falando em refeições, não estou mais comendo nenhuma refeição no sofá. Eu acho que nunca falei sobre isso aqui, mas aqui em casa nós tínhamos o costume de almoçar e jantar no sofá. Percebendo o quanto estávamos comendo sem postura nenhuma e arriscando sujar o sofá sempre que o almoço era massa, passamos a comer na mesa. Desde então, já comecei a comprar buquês de flores para decorar a mesa e não deixamos mais a mesa como suporte para tudo o que não tem lugar em casa. Também fixamos o horário das refeições para os dois, assim sempre fazemos as refeições juntos, conversando e tendo um momento só nosso. Até o chimarrão está sendo feito com o horário fixo aqui em casa e a sensação de ter uma rotina está me fazendo muito bem. É um bom hábito puxando o outro.
Outra mudança foi a organização da minha mesa de trabalho. Por mais que tentasse manter ela sempre organizada, eu sentia que não tinha espaço suficiente. Então, acabei trocando o suporte de monitor de mesa por um de parede e senti imediatamente a diferença. Agora tenho mais espaço e consigo usar a mesma mesa para usar os computadores e escrever à mão.
Outra mudança
Enquanto escrevia esse post, percebi o quanto estava condicionada com o hábito de pegar o celular assim que acordava. Lembrando do conceito que já conhecia e compartilhei aqui no blog de quebrar maus hábitos, simplesmente mudei esse ritual matinal.
Todos os dias de manhã, pegava o meu celular e já abria ele para entrar no Twitter. Sigo pegando ele para tirar do quarto e não deixar nenhum despertador acidental acordar o meu marido, mas mantenho ele fechado durante toda a manhã.
Um pouco de contexto: o meu celular é um Samsung Galaxy Z Flip 4, o que significa que eu literalmente estou deixando ele fechado durante as manhãs.
Depois dessa mudança, eu não tive mais dificuldades para manter a minha meta de 2 horas de tela durante a semana útil.

Escrever aqui no blog é praticamente terapêutico. Compartilhar o que estou pensando organiza os meus sentimentos e ações de uma forma que nem sempre percebo o quanto ajuda. Estou bem inclinada a compartilhar mais da minha rotina de desenvolvimento pessoal justamente por isso e espero que para você também seja útil ver o meu exemplo e fazer as suas reflexões pessoais.
No final, é tudo uma questão de ter uma rotina. Andei comprando alguns livros e lendo mais sobre o assunto e espero conseguir manter essa rotina ideal independentemente da estação do ano.
Sinto que estou virando aquelas pessoas que só falam sobre largar as redes sociais e organizar a vida, mas é o que tem me feito bem e mudado a minha sensação de felicidade e bem-estar. Se esse assunto te interessa, eu tenho uma categoria no blog dedicada para desenvolvimento pessoal, com vários posts sobre esses assuntos.
Se você também gosta de ter uma rotina organizada e trabalha para manter o foco, pode ficar à vontade para comentar no post e me contar sobre as suas estratégias, vou adorar conhecer e trocar mais sobre isso.
Até a próxima!
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